Quinta-feira, Março 28, 2024
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Correio dos Leitores: “As Finanças arranjaram-me um emprego”

[the_ad id=”10494″] Talvez pela primeira vez, a minha declaração de IRS foi ter com a Administração Tributária dentro do prazo. Bem sei que a proeza é grande, mas não contava que o Fisco celebrasse oferecendo-me um emprego. E um emprego para trás, que é muito melhor do que um emprego para a frente. Quando nos oferecem um emprego para a frente é bom, mas ainda temos de o trabalhar; por isso o emprego de sonho é aquele onde trabalhamos há uma temporada sem sequer sabermos.Depois de tudo validado e certinho, a minha declaração foi então submetida e plim, dois alertas. Claro. ‘Ta que os pariu, que se isto fosse à primeira era para aqui um festival maior que a Eurovisão.

Um dos alertas é o costume, uma coisa que não condiz com a outra e que me levará a responder “Então e o Dias Loureiro?”. Mas o outro alerta é porque tenho de preencher mais um anexo na medida em que a Autoridade Tributária tem conhecimento que eu auferi rendimentos da categoria A, i.e. trabalhador dependente ou pensões, de uma empresa de construção civil em Cinfães. Não digo que não, até porque contrariar as Finanças dá cadeia, mas só se sou motorista na firma, porque eu nem dou para a bricolage, quanto mais erguer um edifício. Um dia decidi-me a pintar uma casa, mas entreguei-me a um pintor aos primeiros acordes da lixa. Hoje, tanto tempo depois, os meus pêlos continuam sem repousar.

Se por um lado é bom uma pessoa ter um emprego – desde logo para o Estado, que considera empregado quem se levanta para ir à cozinha, portanto quem assenta tijolo está empregadíssimo -, para mim representa um problema, pois agora quando postar fotos na praia, no Instagram, vou ouvir dizer à boa pequena “ele não quer é fazer nada, porque até as Finanças lhe arranjaram um emprego em Cinfães e ele não vai”.

Por fim, um palavra para o rendimento. Não auferi nada. Nunca me chegou nada. Não conheço a construtora. Por Cinfães já passei mas não me recordo de deixar o currículo. Só se voou pela janela.
Mas não me vou queixar. Ter um emprego já é muito bom. Receber alguma coisa por ele era excelente, mas isto os portugueses querem sempre logo tudo. Um emprego, um salário. O importante é estar-se a trabalhar. Entretanto, se conhecerem alguém a precisar de trabalhos de construção pela região de Viseu, falem comigo.

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