A convenção da Iniciativa Liberal, que decorreu este fim-de-semana, não foi fácil de organizar. Desde logo porque, se é difícil marcar coisas no WhatsApp, combinar encontros de Twitter chega a ser um pesadelo. Depois porque é muito difícil obrigar pessoas extraordinariamente livres a estar num determinado sítio a uma hora exacta.
A convenção era este fim-de-semana, mas suponhamos que a um determinado liberal dava mais jeito no próximo ou no outro… Será que ele tem de ir neste só porque um esquema opressivo lhe diz para ir em dois dias específicos?
Pela mesma razão, tem sido muito difícil garantir que fala um de cada vez. Não raras vezes, os liberais levantam-se das suas cadeiras e começam a discursar porque ninguém tem de lhes dar a palavra, a palavra é deles. “Foi um pouco confuso, numa ocasião estavam mais de 100 participantes a discursar ao mesmo tempo”, relata Simplício, que era liberal e não sabia.
O discurso do CEO acabaria por ser, no entanto, o que recolheu mais curtidas e retweets. Mas calma, porque Cotrim de Figueiredo também foi apupado quando defendeu o voto na Iniciativa Liberal. “Nós votamos onde quisermos, olha-me este…”, ouvia-se da plateia. “Não tarda está a dizer-me o que é que vou jantar…”, continuava a revolta. O CEO lá resolveu o problema da melhor maneira, admitindo que ele próprio só votará na Iniciativa Liberal se quiser. A sala entrou então em êxtase, com os liberais a levantarem-se para retweetar.
De resto, o CEO da Iniciativa Liberal não terá dificuldade em sair da convenção com uma vitória, até porque a oposição interna foi acusada da querer aumentar a carga fiscal e acabaria por ter de ser resgatada pelas autoridades. “Conseguimos retirá-los da sala por volta das 4 da madrugada, estavam escondidos, assustados e um pouco desidratados”, explica o comandante dos Bombeiros de Alcântara.
Mas se é verdade que Cotrim ganha a convenção, não se pode dizer que tenha sido quem mais lucrou neste fim-de-semana. O senhor da cafeteria do Centro de Congressos de Lisboa meteu a bica a 150 paus. “Isto é um pouco caro”, indignou-se um liberal. “Podes sempre ir às docas”, respondeu o senhor do café, que entretanto estava a fazer a conta do lado: “Ora, dois cafés e um pastel de nata, são 400 euros.”
Claro que, no segundo dia da convenção, já só apareceu metade dos participantes. E a outra metade levou Nescafé.