Assim com a pandemia já mais ou menos pandémica, algumas empresas começam a fazer regressar os seus trabalhadores aos postos de trabalho. Há ainda umas que vão adiando e outras que, em alguns casos, darão a escolher aos funcionários se querem trabalhar em casa ou nos escritórios da empresa. Tal impasse abriu a discussão sobre o teletrabalho, um debate que se tem feito desde o primeiro confinamento, encontrando-se grandes adeptos do trabalho à distância e outros mais críticos.
Como se pode defender o teletrabalho é a questão que eu coloco. Trabalhar em casa é uma perfeita aberração. Trabalhar em casa é como tentar manter um casamento vivendo no bataclã. É como tentar ser vegan num rodízio. É acreditar que o lobo se vai dar bem com as galinhas, só têm de se organizar. Trabalhar em casa é como trancar um preso na rua.
Quando ouvimos relatos de pessoas que se dão perfeitamente com o trabalho em casa, então é porque moram no escritório. Dizem até, muitas vezes, que são mais produtivos em casa. Que poupam tempo na deslocação para o trabalho. Certo, mas devem gastar esse tempo a esconder o sofá e a televisão na arrecadação durante o horário de expediente.
São quase sempre os mesmos que acham que aquela reunião podia ter sido um e-mail. Um e-mail? Querem ficar em casa e a relacionar-se com pessoas por e-mail? Isto são robôs, não são pessoas. Pessoas diriam que aquele e-mail podia perfeitamente ter sido uma reunião e até um fim-de-semana no campo.
O que dirão os gatos, em casa destes que preferem ficar em casa? É que o gato não pode sair, não o deixam, mas o outro, podendo perfeitamente ir para a rua e subir às árvores, opta voluntariamente por ficar em casa. Só na pouca vontade de estabelecer contacto com outras pessoas os gatos poderão eventualmente estar de acordo.
Faltará pouco para um indivíduo nascer, ir da maternidade para casa, onde estuda, trabalha, manda vir a comida, as compras, faz teleconsultas, conhece a cara metade pela internet, casam online, acaba por ficar cada um em sua casa, entretanto ficam velhinho e vão parar à última morada, que é a mesma. E pronto. O que se poupou em deslocações! Sendo que aquele parto podia ter sido um download.