Quinta-feira, Novembro 20, 2025
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(Opinião) Trumpelias

29f92132581393da1f767d4a51e33937ad34505f11ad1d4f9644a4dd3a9e72c4_largeEstou um pouco incomodado com isto, mas sinto que sou a única pessoa no mundo que se está completamente nas tintas para o Donald Trump, o que inclui estar-se também nas tintas para a possibilidade de o senhor vencer as eleições norte-americanas.

Admito que possa ser negação, mas olho para o que se diz e escreve sobre Trump e a minha conclusão é sempre a mesma: não quero saber. Ele é louco, ele é parvo, ele é excêntrico, ele é pateta… eu não faço ideia. É verdade que, quando olho para o Donald Trump, sinto algo estranho que se assemelha ao que sinto quando o parquímetro me fica com as moedas e não dá talão: Sinto vontade de espancar o mono. Mas isso não faz dele má pessoa. Eu é que ainda não me inseri socialmente.

Relativamente à questão política, ainda me torno mais incapaz de poder acompanhar uma discussão sobre o tema. Tenho lido umas coisas sobre o candidato republicano, mas também aqui não consigo chegar a uma conclusão. E porquê?

Porque Donald Trump é um produto de marketing. Como Barack Obama também era um produto de marketing. Como o discurso da Primeira Dama, há um ou dois dias, também foi escrito por um especialista em marketing. Estava bonito? Estava. Vinha mesmo do coração? Vinha. Mas vinha do coração do rapaz que o escreveu. Coração esse que mora dentro de uma lata de bebida com taurina.

Por esta altura, se tudo correr bem, já estou com o rótulo de burro mirandês por ter comparado Barack Obama com Donald Trump, mas são na verdade dois produtos de marketing. Obama parece-nos um produto mais sério, mais credível, mais seguro, mais inteligente, mais patriótico, mais culto. Mas parece que Trump parece isso tudo para outros. E são muitos.

Claro que serão lorpas, porque quem não pensa como nós é sempre liminarmente lorpa. Mas eu não quero discutir a política de cada um. Estou a falar mais da política enquanto conceito. E neste campo, ao deixarmos que o marketing político se sobrepusesse ao político ou à política, abrimos mão de tudo. A política deixou de estar nas mãos dos políticos – quase sempre chatos e enfadonhos – e passou para os artistas. Ora, há artistas melhores e artistas piores.

O multimilionário Donald Trump até pode ser, de facto, um artista fraco, mas a política tornou-se um espectáculo de variedades. Não podia ser sempre o mesmo.

Se o mundo vai acabar? Às vezes os espectáculos radicais correm mal. É melhor sentar-se junto à saída de emergência.

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