Foram muitas horas a ouvir gritos, até que os vizinhos tiveram de chamar o Banco de Portugal. «Oiça, eu já não os podia ouvir. Nem queira saber. Nós estávamos a jantar e eu tive de dizer ao meu marido para chamar o Banco de Portugal. ‘Oiça cá, o menino tem de chamar o Banco de Portugal, senão aqueles dois ainda se matam’, disse eu e o meu marido ainda disse ‘não vou nada ligar, que maçada, deixe-os estar, isto sempre foi mais ou menos assim’, mas eu abri-lhe os olhos como quem diz ‘vá já ligar, depressinha, pois não é a sua fábrica de inox que nos permite levar a vida que levamos, é o meu dinheiro, aquele que o pai e a mãe me deixaram, por isso, vá, vá, depressinha, telefonar ao Carlinhos do BdP’», relata Simplícia d’ Allianz BPI e Privatização da TAP Marques Simplinox Limitada
«Ai a menina é Privatização da TAP?», perguntou entretanto um cavalheiro que ia a passar. «Sou, porquê?», respondeu Simplícia. «Eu sou das Águas», respondeu o cavalheiro. «Ai, quieto! O menino não vai cortar nada, porque eu prometo que nós pagamos hoje», afirmou Simplícia. «Não. Eu sou das Águas, Privatização das Águas, portanto somos primos», explicou o cavalheiro. «Ah! O menino desculpe, não faça caso, que eu estou sem óculos. Está bom? Um abraço! Adorei vê-lo!», despediu-se Simplícia, antes de voltar ao relato do que se passou com os Espírito Santo: «Pouco depois do telefonema, chegou o Banco de Portugal. Vieram uma data de carros. Entretanto até chegou o Zé Maria Iberomoldes da Fonseca, que mora ali depois dos chineses dos vistos Gold que eu ainda não sei o nome, e não conseguia passar. Mas também foi rápido. Os senhores do Banco de Portugal resolveram tudo num ápice, separaram os primos e puseram tudo na ordem. Disseram que se voltassem a ser chamados, nomeavam um administrador deles.»
Questionada sobre se depois dessa intervenção do Banco de Portugal, ficou tudo calmo, Simplícia afirma que mais ou menos: «Eles depois vieram aí bater à porta para perguntar se tínhamos sido nós a chamar o Banco de Portugal e claro que eu disse que não, ‘que seria, Ricardo?, o menino está doido?, eu também sou banqueira por parte do meu avô Alfredo e jamais chamaria o Banco de Portugal, nem pensar.»