Sexta-feira, Março 29, 2024
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Deve ou não entrar em pânico?

Nesta altura, são muitas as pessoas que se interrogam – e com razão – se devem ou não entrar em pânico. Quando se diz entrar em pânico, diz-se tirar a roupa, calmamente, despentear os cabelos e sair pela porta a gritar “socorro, é o fim, é o fim e ainda me faltavam 30 prestações do Renault, provavelmente vou incumprir…”.

A dúvida existe porque as autoridades, em Portugal e no mundo, primeiro lançam o pânico e depois apelam à calma, deixando tudo sem saber muito bem o que fazer.

Refiro-me, naturalmente, à pandemia de coronavírus, Covid-19, Maleita-54, Novo Bicho, o que lhe quiser chamar. Será uma simples gripe ou veio mesmo para limpar o sarampo ao próprio sarampo?

No princípio da crise, supostamente, o caso era grave. Na China, chineses começaram a cair que nem tordos. Até aqui tudo bem, mas entretanto começaram a tombar italianas e então aí é que o mundo levou as mãos à cabeça. O caso tornou-se gravíssimo.

Para acalmar os ânimos, apareceram os tradicionais especialistas a dizer que não é preciso ter medo de nada, calma, “isto mata menos que os tractores”. Começaram então as comparações com a gripe comum, com humilhações públicas do Covid-19. Até já foi comparado com pestes históricas. Se o coronavírus tivesse televisão, seria ele próprio a encontrar uma vacina contra si.

Não sei, aliás, como as associações e partidos ligados à defesa dos animais não apareceram, ainda, para pedir algum respeito. É que chega a ser bullying ao coronavírus, que faz o que pode e com os recursos que tem.

Voltando à questão inicial: Deve ou não entrar em pânico?

A verdade é que a nova carraspana, apesar de parecer ainda um pouco maçarica, impõe algum respeito. Ainda mata menos que os tractores, mas também não é tabaco aquecido. E há sempre o risco – creio que esse é o receio de muitos cientistas e até mesmo de alguns internautas – de se transformar, rapidamente, em algo bastante mais letal. Sobretudo se ele liga a televisão, lá está, e em vez de lhe dar para a depressão lhe der para a vingança.

“Ai é!? Não sou nada comparado com a gripe comum!? Então já vão ver…”, parece que estou a ouvir o corona dizer, enquanto lava as mãos com álcool para não apanhar H5N1.

Perante isto, alguma dose de pânico é saudável. Eu diria um nível de pânico 3, numa escala de 5. No nível 3 ainda se mantém a roupa.

Para justificar este nível 3, recorro à Suíça – ao país, não à pastelaria – que ordenou o cancelamento de todos os espectáculos com mais de muitas pessoas. É evidente que a Suíça, em geral, não aprecia espectáculos com barulho, portanto pode existir aqui algum aproveitamento.

Sucede que a mesma Suíça, pode não gostar de barulho, mas há uma coisa que adora e não é chocolate nem relógios. Dinheiro, exactamente. Para um país que não vira a cara a uma boa receita, cancelar todos os espectáculos, com implicações dramáticas no turismo… com certeza que o mundo não pode estar apenas perante uma corrente de ar.

Também na China, há muitas fábricas completamente paradas e a China não faz apenas chineses, como se sabe. Não tarda muito, carros eléctricos e até smartphones vão começar a faltar. Ora, quando o mundo se sujeita a não ter baterias e telefones, naturalmente isto não é apenas um pingo no nariz.

Por isso concluo que, não valerá a pena correr às máscaras – até porque já acabaram -, mas também não é preciso enrolar-se com este corona.

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