Segundo uma proposta do novo bastonário da Ordem dos Médicos, as consultas podem vir a ter um tempo mínimo, para que o médico possa olhar pelo menos uma vez para o paciente no meio de tanta coisa que tem de escrever no computador.
“Muito bem, senhor Simplício, então vamos lá, do que é que se queixa?”, quis saber o senhor doutor, esta tarde, depois de trinta minutos a actualizar a informação clínica de Simplício.
A confirmar-se este tempo mínimo para as consultas, passará a ser como a espera, que já tem um tempo mínimo de seis meses. “Uma pessoa já sabe que pelo menos seis meses espera, mas com sorte é mais”, afirma Simplício, que tinha marcado a consulta de hoje em 1984.
“Foi bastante rápido, alguém deve ter desistido”, conclui.
Recorde-se que ainda há poucos dias foi diagnosticado um fungo num pé de um residente de Estremoz que terá cerca de 600 anos, embora os arqueólogos não consigam dar uma data certa, porque as ossadas enganam bastante.
“As ossadas não gostam de dizer a idade verdadeira porque são quase sempre muitos séculos, de maneiras que já cheguei a dar 250 anos a ossadas que depois passei melhor com o pincel e tinham para lá de 800”, explica Simplício, arqueólogo.
Entretanto, para o caso de avançar o tempo mínimo para as consultas, o Imprensa Falsa sabe que já está a ser pensada uma solução para avisar o médico do fim do tempo mínimo da consulta e que a partir desse momento já pode pôr o paciente na rua, sem precisar de abanar que sim com a cabeça enquanto finge estar interessado nos seus problemas.
“Pois, exactamente, então e depois, caiu e depois? Ai, espere, já passou o tempo. Conta-me para a próxima, boa tarde e obrigado”, despachou esta tarde o Dr. Simplício, um dos médicos que está a fazer o teste do sistema do tempo mínimo.
