«Dia do quê?», interrogava-se Simplício, esta manhã, depois de ouvir alguém dizer que 1 de Maio é o dia do trabalhador. «Do trabalhador…», lá lhe explicaram. «E isso o que é?», quis saber Simplício, muito intrigrado. «Então, trabalhador é uma pessoa que trabalha», detalharam. «Ah, está certo, não sabia que havia pessoas nessa situação, vou então também pensar um pouco nelas amanhã, o senhor por acaso não me sabe dizer se vai haver alguma concentração em solidariedade com essas pessoas, não!? E em havendo mais do que uma, não me saberá dizer em qual delas há mais hipóteses de oferecerem bonés ou canetas, saberá!?»
A verdade é que a maioria dos portugueses desconheciam ou já não se lembravam que o 1 de Maio é o dia do trabalhador, conhecendo este dia apenas pela efeméride das promoções, chegando a ser possível encher dois carrinhos de supermercado por apenas uma naifada no abdómen ou um membro inferior esmagado.
«É verdade, vai fazer amanhã um ano que não vou às compras, é verdade, aviei tudo no 1 de Maio passado e até hoje não me faltou nada, por acaso minto, a massa acabou-me vai fazer um mês e tive de ir pedir um bocado de esparguete à minha irmã, a sonsa disse que não tinha, mas eu fiz a bolonhesa com arroz e também ficou boa», relata Simplícia, que não guarda só boas memórias desse dia: «Então, o meu esposo perdeu uma bola numa pequena rixa que se formou na fila para pagar e depois ninguém sabia da bola, estava a perder muito sangue, de maneiras que lhe enxertaram logo ali um ovo Kinder, que também estava a 50%, é tudo igual, só que agora quando estamos na malandrice não lhe posso agarrar no saco muito tempo derivado ó testículo novo derreter».