As operadoras de telecomunicações aumentaram esta semana os preços, justificando a decisão com a inflação, o aquecimento global, o perigo de extinção do panda gigante e as segunda-feiras.
Para compensar os clientes por este aumento, as operadoras anunciaram também que vão facilitar o processo de rescisão dos contratos, acabando-se o período de fidelização. Os pedidos podem agora ser feitos a qualquer momento, mesmo um mês depois de contratar o serviço, desde que seja por um trisavô do titular.
“Exactamente, era para cancelar o serviço…”, ligou, já esta tarde, Simplício. “Claro que sim, senhor Simplício, vamos já tratar disso, é o bisavô de que titular, pode indicar-me o número de cliente?”, quis saber o operador. “Não, não, sou eu mesmo o titular”, explicou Simplício. “Ah, compreendo, mas dentro do período de 24 meses o pedido terá de ser feito pelo seu bisavô”, explicou o operador, “e mesmo depois desses 24 meses também porque havemos de arranjar forma”.
“Mas o meu bisavô já morreu há anos, nem o conheci”, informou Simplício. “Queremos lamentar desde já, mas efectivamente tem mesmo de ser um bisavô do senhor, senhor Simplício. Não terá outro bisavô?”, ainda tentou ajudar o operador. “Também já foi, há séculos”, ouviu-se do outro lado. “Queremos desde já lamentar, mas efectivamente assim não consigo ajudar”, concluiu o operador.
Sobre esta exigência, as operadoras explicam que a ideia é ter a certeza de que a decisão de rescindir o contrato foi bem ponderada entre toda a família.
“Quantas vezes os contratos não são rescindidos e depois vem alguém dizer que não era para rescindir, perdendo entretanto uma série benefícios, passando, por exemplo, de 550 canais que não viam no contrato inicial para apenas 480 canais que nunca vão ver no contrato posterior”, desabafa Pedro Fibra, administrador da MEGAS, “só queremos ter a certeza de que a decisão foi bem tomada, tendo inclusivamente passado por várias gerações, nomeadamente as mais experientes”.