Foi quando escolheu vir num voo da TAP que José Sócrates levantou suspeitas. «Ele não quer sair de Paris!», gritava um investigador, ontem de manhã. «Então? Amarrou-se com um cadeado a uma ponte e jogou a chave ao Sena?», terá perguntado o juiz. «Pior, marcou voo na TAP», esclareceu o investigador, o que levou o juiz a correr para Paris e fazer ele próprio uma reparação ao avião, para que nada corresse mal.
«Senhor procurador, dê à chave no motor 1. Isso. Agora no motor 2. Está um brinco, podemos ir embora», concluiu o juiz.
Ao fim do dia, já depois de ter descolado de Paris, Sócrates terá chamado a hospedeira: «Será que a senhora pode dizer-me a que horas regressamos a Paris? É que já descolámos há 15 minutos e ainda nem sequer ouvi um barulho estranho.»
«Para já está tudo a correr bem, senhor engenheiro, devemos estar em Lisboa dentro de duas horas, eu também estou lixada porque marquei jantar com o Jean Pierre Simplice ao pé da Torre Eiffel», respondeu a hospedeira. «Tenho uma bomba e vou rebentá-la senão voltarmos já para Paris», terá ameaçado o ex-primeiro-ministro mas a hospedeira não levou a sério: «Eu também queria, eu também queria.»