O primeiro-ministro declarou ontem guerra à burocracia. O anúncio foi feito durante o discurso de tomada de posse do Governo, que conta com um novo ministério para o dito conflito. A ideia parecia boa, mas Montenegro ainda fez pior.
Os serviços públicos estão esta sexta-feira encerrados “por motivos de guerra”.
“Este serviço encontra-se encerrado por motivos de guerra. Recomendamos que se afastem desta porta e recolham a suas casas, onde se devem conservar com a máxima calma”, lê-se na porta de uma repartição.
“Não posso ir para o serviço, não estou preparada para uma guerra, fui operada a um joelho há quinze dias, ainda não recuperei, não estou em condições de travar uma batalha com o senhor ministro da Reforma do Estado”, explica Simplícia, dos Registos e Notariado, que ficou em casa, mas espera que lhe paguem o dia.
“Não, eu também não vou ao serviço, sou um pacifista, sou pela paz… quando ouvi a declaração de guerra disse logo ‘pronto, até um cessar-fogo não me apanham lá’”, desabafa outro funcionário.
Mas nem todos ficaram em casa. A adesão à guerra ronda os 85%. Há grupos que estão a defender os seus serviços de qualquer ataque. “Virámos as mesas, estamos camuflados atrás das plantas e o dispensador de senhas está à entrada a funcionar como anti-aérea”, explica Simplício, numa mensagem partilhada através do Portal das Finanças, “já apareceram aí uns cinco do ministério da Reforma do Estado, fugiram cravejados de agrafos e todos carimbados… aqueles já não voltam”.
O Imprensa Falsa está a acompanhar esta situação.
