Um estudo publicado este Sábado confirma que se deve estimar os adversários, todos eles, porque de outro modo o nosso clube jogaria sozinho. “E se gosta de ver o seu clube a jogar sozinho, tem de ir ver os treinos, mas posso garantir-lhe que é muito enfadonho”, explica Simplício, um dos responsáveis pelo estudo.
“Também pode ir ao estádio, mas vê apenas o aquecimento e depois vai para casa”, continua este sociólogo, “porque o aquecimento é só entre eles, como em princípio gostará, já que odeia a outra equipa”.
A verdade é que os nosso adversários são nossos amigos ou potencialmente nossos amigos. Podemos matar-nos, claro, mas fazer um churrasco para a semana parece muito mais divertido. E andar à estalada por causa de uma camisola é coisa de clientes da Primark, num caso de ruptura de stock.
Às vezes parece que a violência faz de nós fortes e másculos, mas no fim do dia – como sói dizer-se – andámos à bulha por causa de uma peça de roupa ou até mesmo só um acessório. E não há nada menos viril no mundo. O meu pai não tem um olho e três costelas porque se cruzou na rua com um indivíduo como uma camisola que ele odeia – não se orgulhará de dizer nenhum filho.
O estudo hoje publicado é claro. Os nossos adversários são os que nos dão as alegrias. O nosso clube, sozinho, jamais conseguiria. O nosso clube, sozinho, era uma chatice inominável. Era um pontapé na nuca – em sentido figurado, como devem ser todos. Quando vemos um adversário na rua, devemos abraçá-lo. Mas um abraço apertado. E devemos dizer – obrigado, sem o teu clube, o que seria do meu!?
Às vezes ganha-se, às vezes perde-se. Esta é outra conclusão deste trabalho científico, que diz que 11 em cada 10 adeptos de futebol passariam a ver curling se o seu clube vencesse todas as partidas. Curling, para quem não sabe, é uma modalidade que consiste em esfregar uma espécie de vassoura freneticamente à frente de um calhau polido, para que este vá escorregando até uma circunferência distante.
Agora pense. Ver isto todos os fins-de-semana.
(Esta notícia foi publicada ao abrigo da responsabilidade social da sátira.)