Estima-se que, em Portugal, 9 em cada 10 e-mails fiquem sem resposta. A razão prende-se com o facto de até as pessoas pagas para responder a e-mails serem demaisado importantes para responder a e-mails.
O processo é fácil de explicar. Chega um e-mail e fica por ali, assim a pairar, numa espécie de nuvem, ninguém sabe muito bem o que fazer com ele. Depois de alguns minutos e de umas quantas olhadelas para o corpo do e-mail, chega-se à conclusão de que não há, naquela organização, ninguém para responder àquela comunicação, pois são todos demasiado importantes.
«Simplício, talvez tu possas dar a resposta a esse e-mail que chegou agora, porque eu já vi e não é de nenhum superior», afirmou ainda esta tarde uma pessoa demasiado importante, julgando que o Simplício, como entrou esta semana ao serviço, justamente para dar seguimento a e-mails, ainda poderia responder. «Eu peço desculpa, mas eu sou licenciado, representei Portugal no campeonato de saltos da prancha alta em 92, tenho o nível “native” de Inglês, não me contrataram para responder a e-mails de malucos, pois não!?», respondeu Simplício e ninguém mais tocou no assunto nem no e-mail.
Entretanto chegava mais um e-mail. «Alguém sabe tirar o som dos e-mails a chegar?», perguntou então alguém e até havia quem soubesse, mas eram todos demasiado importantes para fazer de informáticos, de maneiras que puseram todos os headphones.