Muitas marcas têm garantido, agora com a pandemia, que as entregas são feitas sem contacto físico. Os portes são grátis, por exemplo, e não há contacto físico.
Ora, eu já não tinha por hábito, admito, abraçar-me ao distribuidor. “Cá um chi-coração, que eu estava tão ansioso por esta torradeira. Mais apertado. Isso. Esperei muito por ela, sabes!? Agora vai, vai que tens com certeza mais alguém à espera, não olhes para trás, segue, eu fico bem e tu logo estarás de volta porque eu também encomendei um aspirador sem fios que aguarda envio do fornecedor…”
O que é isso de entregas sem contacto físico? Mas antes cumprimentava-se o carteiro com beijinho? Dormia-se em conchinha com o senhor da DHL? É que eu não sabia e suspeito agora que tenha sido bastante antipático durante muito tempo.
Interrogo-me agora, preocupadamente, se quando me pediam o nome, também queriam o número de telefone. E saber se tinha alguma coisa combinada para jantar. “É que esta entrega é com contacto físico…”, lá explicavam, no fim.
Será que tivemos, durante todo este tempo, por exemplo, direito a cafuné?
Certo é que temo agora pelo futuro dos distribuidores, pois quando tudo isto passar, muitos clientes vão querer usufruir do serviço completo. “Onde é que o senhor vai com tanta pressa?”, grita Simplícia, lançando a mão ao homem da Chronopost, que se preparava para ir embora. “Tenho a carrinha em terceira fila, a travar o eléctrico, tenho que ir”, lá inventa o pobre homem.
“Na, na, na… uma ternura, pelo menos, esta entrega é com contacto físico, isso… abracinho bom, mais forte, ahhhh, ok, agora sim, está feita a entrega.”