Ao cabo de 18 longas horas de reunião, o Governo aprovou o Orçamento de Estado para 2015. Mas se pensa que as 18 horas foram a discutir pormenores do orçamento, desengane-se. A discussão demorou 10 minutos, o resto do tempo foi à procura do orçamento da Educação, que em vez de colocar na pasta, Nuno Crato colocou no porta-luvas de um táxi em Bragança.
«Não estará no carro, Nuno?», perguntava o primeiro-ministro. «Não, no carro já vi», explicava o ministro, «só se estiver noutro carro.»
«Como noutro carro?», perguntou Passos Coelho. «Sei lá, noutro carro, qualquer, não sei, noutro sítio, andam-me a acontecer coisas estranhas», desabafou Crato, enquanto continuava à procura.
Momentos depois chegava a confirmação de que o orçamento da Educação havia sido colocado no porta-luvas de um táxi de Bragança. «Estão a ver!?», comentou Crato, muito desapontado.
«Talvez o ideal é o sr. ministro colocar um sistema de GPS nos seus documentos para ver sempre onde é que eles andam», afirmou entretanto a ministra da Justiça, num tom provocador. «Ai é!? E depois vou consultar onde? Ao Citius?», respondeu o ministro da Educação, gerando-se a confusão. «Não estou para aturar isto, demito-me», anunciou Portas. «Casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão, era dar mais 20€ por mês a esta gente e davam-se todos bem», acrescentou o ministro da Segurança Social. «E estão os portugueses preocupados com o Ébola…», desabafou também o ministro da Saúde, numa altura em que o chefe do Governo chamava todos à razão: «Meus amigos, eu limpo 5 mil limpos por mês só a abrir portas, portanto não preciso disto para nada, se os meus amigos não se comportam, daqui a 15 dias já andam de boné pelas ruas aos beijinhos.»
Não foi preciso dizer mais nada. O Conselho de Ministros aguardou em silêncio pelo orçamento da Educação, que entretanto ainda foi colocado numa caixa de correio em Loulé, depois ainda foi colocado num Antonov com destino à Rússia, só tendo chegado ao Conselho de Ministros já de madrugada.