Depois de ter decidido, na semana passada, baixar a remuneração dos certificados de aforro, o Governo tem sido muito criticado, com várias acusações de ter cedido à pressão dos bancos, afectados pela concorrência daqueles produtos.
Numa primeira fase, o executivo limitou-se apenas a recusar tal pressão, mas esta terça-feira acabou por admitir que houve pressão, muita pressão, mas não foi dos bancos.
“Foi o pessoal da Santa Casa, porque parece que os certificados de aforro já estavam a comer inclusivamente às raspadinhas, o principal instrumento de poupança dos portugueses”, explica Simplício, ex-adjunto do Ministério das Finanças, entretanto exonerado por pretender sair do edifício com cápsulas de café, valeu a pronta resposta do próprio ministro que trancou o edifício e fez disparar o alarme. O indivíduo acabou por conseguir sair, mas as cápsulas foram recuperadas depois de uma intervenção da Brisa.
“O senhor ministro sabe-me dizer por que raio chamaram a Brisa para recuperar as cápsulas de café? E sabe-me dizer, já agora, o que tinham de tão especial estas cápsulas de café para o homem não as poder levar, visto que tinha uma máquina compatível?”, acaba de ser perguntado na comissão de inquérito à TAP, que era a que havia.
Certo é que o Governo acabou por admitir pressão para baixar a rentabilidade dos certificados de aforro. Os próprios bancos também terão sido pressionados pela Santa Casa para baixar o rendimento dos seus produtos.
“Nós queríamos estar a dar 10% aos clientes, ou mais, era o que nós queríamos, mas o pessoal das raspadinhas disse para estarmos quietos se não nos queríamos estar a dividir, um dia destes, em banco bom e banco mau”, desabafa uma fonte de um banco, que não quis dar o nome, pelo menos o dele, porque se ofereceu para o nome de outra pessoa, de outro banco.